Nós, estudantes de Geologia da
UFS, passamos boa parte da nossa graduação ouvindo dos veteranos o quanto somos
privilegiados, que no tempo deles não era assim, e que temos realmente muita
sorte de não ter pegado matéria X com professor Y.
Quando
conversamos com alunos de outras universidades, somos nós que assumimos essa
postura de o-do-meu-vizinho-é-sempre-melhor. “Nossa Mariazinha, que sensacional
essa sua disciplina”; “Ah como eu queria ter feito essa saída de campo”; “Mas a
sua escola tem nome, hein?; “Lá não é bem assim não...”. E tudo isso vem
temperado com bastante sotaque sergipano (ou baiano, tá).
O
nosso curso tem deficiências, é verdade, mas como não tê-las com apenas sete
anos de existência? De fato, alguns dos nossos colegas já formados não têm
emprego. Mas olha, outros já chegaram lá (ou quase). Onde é lá? Lá é a glória,
o sucesso, as viagens, o mundão? Lá é aquele valor fixo no fim do mês? Lá é
descoberta científica arrebatadora? Cada
um com seu lá. Será que eu chego?
Se
por um lado a iminência da formatura traz uma imensa sensação de alívio e de
vitória, do outro tem aquele diabinho chamado “E agora?”, não é mesmo? E agora
o que eu faço com esse diploma? Mas e agora, será que estou preparado para o
mercado de trabalho? E agora, será que eu entro naquela empresa?
Não
creio que exista uma fórmula mágica para afastar essa tal de insegurança, mas
acho que dá para – devagarzinho – driblá-la. Um hábitos novo de leitura ali,
uma inscrição num mini-curso acolá, um abraço naquela oportunidade que surgiu
na sua caixa de email e a gente vai seguindo. O que não dá certo é se acomodar
e esperar que o conhecimento entre sozinho na sua cabeça, ou quem sabe uma
ligação-convite-surpresa pra uma saída de campo no Havaí.
Texto: Marcela Aragão
Nenhum comentário:
Postar um comentário